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domingo, 2 de dezembro de 2012

CIRANDA - Festas Juninas - Vários autores

Trabalho das imagens: Reinadi Sampaio (Florbela)

Participantes:
1 - Neila Costa - Natal - Rio Grande do Norte - Br
2 - Elen de Moraes - Rio de Janeiro - Br
3 - Tera Sá - Portugal
4 - Jose M. Raposo - California -
5 - Machado Ribeiro - California
6 - Reinadi Sampaio - Cruz das Almas - Ba
7 - Ana Maria - Bahia
MOÇA DA ROÇA


Jose M. Raposo


Eu a todos cumprimento,
Pois o convite aceitei,
Por vir ao sabor do vento,
Foi que eu tarde cheguei.


Na ciranda vou entrar
Com todo o meu coração.
E graças tenho a dar
A Santo António e São João.


E eu quero agradecer
À Santa Virgem mãe nossa,
Por agora conhecer
Essa menina da roça.


O teu corpo, aveludado,
É lindo como a violeta
E o teu gracioso bailado,
Faz lembrar a borboleta.


Teus olhos, duas boninas
De um tom belo, acastanhado.
Teus seios, duas colinas
Onde brilha o sol doirado.


Eu pude sentir o amor
Nesse olhar que tu me deste.
Na tua boca o sabor
De doce amora silvestre.


Responde a esse convite
E verás, não há perigo,
Vai te passar a artrite.
Vem para a festa comigo!


A Santo António pedir
E a São João vou implorar
P’ra São Pedro vir abrir
Porta p’ra gente casar.


No cabelo flor singela,
P’ra quem quiser ver e possa,
Que não há moça mais bela
Do que a moça lá da roça.
 

ARRASTA PÉ

Elen de Moraes


Recebi vosso convite
Pra festa do arrasta pé,
Mas a dor da minha artrite,
Está me dando um olé!

Gostaria de ir à festa
Pra namorado arrumar,
Porém a dor me contesta!
Como é que vou me aprumar?

Queria comer canjica,
Muita paçoca também.
Ai, que meu corpo pinica
De saudade do meu bem!

E estar naquela barraca
P'ros beijoqueiros armada...
Só de pensar, dá ressaca,
Mas fico toda animada.

Saborear broa de milho,
Pé de moleque comer,
Hummm... biscoitos de polvilho
E muito quentão beber.

Sem falar no milho assado
E na pamonha famosa.
Ai que desejo danado!
Já estou ficando ansiosa.

Ver lá no céu os balões,
Fogos fazerem zoeira,
Mesmo levando empurrões
Na beirada da fogueira.

Mas co'essa dor infernal
Que os ossos me roem lento,
Como ir a esse arraial
Se a festa será ao relento?

Tenho que tomar juízo
E na cama me enfiar
Lá então eu analiso
Como vou me conformar.

Mas antes mando um recado
Pr’aquele homem solteiro
Não se sentir rejeitado,
Se esperou o ano inteiro
e viu agora negado

Seu pedido - que foi feito -
Ao Bendito Santo Antonio,
O Santo casamenteiro.
Que se dê por satisfeito
E que aguarde o matrimonio
Com seu amor verdadeiro!

Termino beijo enviando
P'ra todos desse arraial.
Votos que sigam se amando,
Pois ser feliz não é mal.


São João em Cruz das Almas

florbellaba,

em Jun 13/2009


Me desculpem os repentistas
Métrica não sei fazer,
Também os apologistas
Desta forma de escrever.

Minha "Alma em Pedaços"~
Lamenta e chora infeliz
E aqui no meu espaço
Tal festa nada me diz!

É um tal de ferir gente
A justiça fecha o olho
Morrer aqui é freqüente
Prolifera qual repolho.

Nessa guerra de espada
Desses festejos juninos
A vida não vale nada!
Divertimentos cretinos.

Ir à festa é um perigo
Um confronto em cada esquina
Entender eu não consigo
Esta guerra assassina.

Nessa "guerra de espadas"
Morre menino e adulto,
Mães choram desesperadas
Em terra de povo (in)culto.

Não é certo a população
Passar tanto sofrimento
E ninguém dá solução
A tão bárbaro evento.

Pois me lembra a escravidão!
Esta grande violência
Não mostra a televisão,
Pois sustenta a opulência.

Um juiz, de certa feita
Proibiu a tal peleja
Pros poderosos, desfeita!
Que o São João nos proteja.

Pois, então meu caro amigo
Como ir a esse arraiá
Me divirto aqui contigo
Com seus versos a "proseá"?.

Pois, olha, no meu Sertão
Lá, sim, era brincadeira,
Alegrava o coração
Pular aquela fogueira

Candidato aparecia
Vinha de todos os lados
Aos santos agradecia
E enviava recados.

Tinha quadrilha e fita
No pau que o vento açoitava.
E amor à primeira vista
Nos braços d'alguem achava.

E dançava a noite inteira
Na maior das euforias
Sem espada traiçoeira
Pra acabar co'as alegrias.

Para mim chega de rima
Não suporto "enquadramento"
Isso já me desanima
Chega ser grande tormento.

Segundo Ato:

Já havia dado por terminado
Meu "desafio" em português
Mas, lembrei-me de um Dr, amigo afastado
Que como tu, também fala inglês.

Recorri à memória
Para te contar uma novidade:
Não sei se sabes da nossa história
Mas vou contar-la em "breviandade".

Nossa primeira ferrovia
Construída no Maranhão,
Foi feita com muita alegria
E pelos ingleses sua construção.

Anunciavam "ao sabor do vento"
Festa pra todos - for all -
Pra grandiosidade do monumento.
E assim nasceu o "Forró"!

Mas dizem outros também
Que da África veio o forró
Pra eles digo aleluia e amém
Nasceu nosso "forrobodó"!

Quando a televisão se empenha,
Mete verdade "pelo cano"
Noticias correm como "se qué"
e mesmo que a invenção se mantenha
entre ingleses e o pobre escravo africano
Prevalece quem "mió" é...
Ó, ó, ó, yessssssssssss!!

Reinadi Sampaio.
Cruz das Almas, São João de 2009.

Caro amigo,

Vim deixar a minha historia
de festa junina.
        Gostei da brincadeira.
       História verdadeira

Machado Ribeiro


Em noite de são joão
Começou a brincadeira
Em casa do Helio Beirão
Acendemos a fogueira.

Como é velha tradição
Ver quem mais salta a fogueira
No meio da confusão
Só podia dar besteira.

Era forte o clarão
Não se via o outro lado
Foi nessa altura que então
Ficou tudo estragado.

Eu ia a saltar de cá
Tal como as outras gentes,
Zé Manel salta de lá
Ficamos os dois bem quentes.

Foram-se as sobrancelhas
Cabelo semi-queimado,
Eram rubras as orelhas...
Vi o caso atrapalhado.

A festa continuou
Até ao amanhecer
A fogueira se apagou
Às horas de adormecer.

Esta história é verdadeira
E daqui a conclusão:-
Quem não saltar a fogueira
Não festeja são joão.

Machado Ribeiro.

"ARRAIA" DOS POETAS
Neila Costa


Fiquei pra La de contente,
Quando vieram me chamar
Pra essa festa atraente
E uma quadrilha dançar..

Quem queira participar
Tem que vestir de matuto,
Procurar para seu par
Alguém que não é fajuto.

O vestido que comprei,
É vermelho e tem xadrez.
Flor pro cabelo arrumei!
Tia Simone quem fez.

Na festa estarão presentes
Poetas de muitos lugares!
Que se mostrem experientes
Sem comer só com olhares.

Amigos de Portugal
Vem só pra comer canjica,
Milho e pamonha com sal.
Isso, nenhum Santo explica.

A Elen, por novidade
Disse que ao Santo pedira
Casar com sua Majestade,
Rei que freqüentava a Lira.

Florbella amiga risonha,
Contou-me, pra meu espanto,
Que perdeu toda a vergonha
De beijar em frente ao Santo.

Bem arretado é o José
Pra cantar um desafio!
Pega o santo pelo pé
E o amarra com um fio
Mas não age de má fé!
E pro amor não tem fastio!

Agora, a festa de lado,
Corro pra pegar meu par,
Antes que fique ocupado,
Pois não tiram dele o olhar.

Festa Junina

Annammarya

Noite junina, lindo céu ilumina
Sereno cái, safona geme, grita,
No dançar correto da menina,
corpo mexe, coração agita.

Face rosada, camisa xadrez,
calça rasgada, bem remendada,
bigodes desenhados, matuto de vez.
chapéu de palha, atitude acanhada.

Moçada agitada, levanta poeira,
o padre a dançar, bebe "kentão"
levanta a batina, já na "zoeira"
atravessa a fogueira "animadão".

Rojão no céu, poeira no chão,
paçoca, amendoim, prá reforçar.
Crepita a lenha, fogo no terreirão,
é chegada a hora do namorar.

Vestido de chita, rosto pintado,
aplauso frenético do namorado,
linda menina, nascida na roça.
"flor no cabelo, quiser ver, possa",


Santo Antonio
Tera Sa

A contar me vejo os dias,
Fiando-me no Santo António,
Que por tratos e porfias
Me deve um bom matrimónio...

António, conto contigo,
Que o fio d'oiro maciço
Que ao Santo foi prometido
Será de teu compromisso!

Faz de conta que sou bela
E vivo a fiar-te rendas
António, de mim donzela
Dou-te as melhores oferendas!

Faz-me de contas um fio,
Eu fio-me e faço de conta
Qu' as contas que eu te fio
São contas de pouca monta.

De ti, fido e bom rapaz,
Espero ouros e contos
De reis, pois, qu' eu sou sagaz,
Não fio nem dou descontos!

Mas se não deves fiado,
E' inda tens conta no banco,
Conta comigo, amado,
Fio já um vestido branco!"

E como és bem do meu gosto,
Galante e apessoado,
Conto que lá para Agosto
Serás o meu desposado...

Santo António, o prometido,
Te será pago num fio
De ouro por mim contado...
(no meu António confio...)

 
Agradecimento 

Jose M. Raposo

Venho agora agradecer
         a todos que gentilmente
           vieram aqui responder
             em versos, o meu "repente".

A Elen pede ao Santo
Para um marido lhe dar,
Procura por todo canto
E não o consegue achar,
Pois homem bom eu garanto,
É dificil de encontrar..

O Felipe eu já não sei
Se está bem ou mal casado
Ou se lá em terras d'El Rei
Pelas moças é procurado.

A Florbella deu agora
Para escrever em Inglês
Valha-nos Nossa Senhora
Pelo milagre que fez.

Pois não é que a Ana Maria
Comigo não se encontrou!
E eu não sei se nesse dia
Poeira ela levantou.

Fia-te no Santo, Teresa,
Sem procurar namorado
Encontrarás a surpresa
De o ver com outra casado.

Neila, se o diabo soubesse,
Na ciranda entraria
E se ele o quentão bebesse,
Em santo se tornaria.

O meu amigo ao perder
As sobrancelhas e a perinha
Ficou logo ele a saber
O calor que o Inferno tinha.

Eu já não posso saltar
Fogueiras do São João
Mas 'inda gosto de olhar
Para as moças que lá vão

California, 15/06/2009

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