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terça-feira, 23 de outubro de 2012

UMA BOA SOBREMESA - José M. Raposo

 
 
UMA BOA SOBREMESA
José M. Raposo

Quando a minha mãe emprestava alguma alfaia agrícola que lá tínhamos em casa e se a pessoa a quem ela havia emprestado não a trazia a tempo de meu pai a usar quando precisava, era um problema dos diabos e ele então dizia:-“ Tu deves emprestar é agulha e o dedal que é o que te pertence”.

Eu considero que meu pai foi uma pessoa que viveu fora do seu tempo. Era tido por todos como um homem muito inteligente e respeitador. Mas, em casa era outra coisa. Ele era senhor absoluto e o que dissesse tinha que ser feito.

Se ele dissesse que uma caixa de fósforos era uma carroça de boi, tinha que ser.

Ora, vocês imaginem quando eu dizia que não era uma carroça de boi, mas, sim.  uma camionete do Varela.

Só quem não me conhece é que não sabe o quão eu sou teimoso. Porém, quando vejo que estou errado, tento emendar imediatamente. Não sou santo, nem sou demónio e se a minha mulher empresta alguma coisa, ela emprestou o que é nosso e não o que é meu ou dela. Por acaso até casamos com separação de bens, porque eu me recusei a pagar 500 escudos na altura e logo que o primeiro filho nascesse a separação de bens ficava sem efeito.

Quando a minha mãe está cá de visita aborreço-me sempre com ela, porque ela quer fazer a minha cama antes de eu me levantar. E eu acho que fazer uma cama é um desperdício de tempo porque à noite nos vamos deitar e fica tudo amarrotado, na mesma. Basta fazer a cama quando mudamos os lençóis.

No entanto, eu detesto ver uma cozinha destrambelhada, com loiça por todos os cantos.

Quando chego a casa, do trabalho, vou ao internet ler os meus emails e acontece que muitas vezes falo com a minha amiga Elen por uns minutos e depois digo: “Desculpa lá, mas tenho que ir fazer o jantar e limpar a cozinha”. Ela fica muito admirada e diz: “Mas eu pensava que os homens Portugueses não limpavam a cozinha”

 Bem, isso eu não sei. Na minha casa trabalha assim. Eu faço de tudo! Passo o aspirador, cozinho o jantar, lavo os tachos e panelas e coloco tudo em ordem para que no outro dia se possa cozinhar novamente. Ajudo a minha mulher em tudo o que posso e sei.

Muitas vezes já lhe tenho dito algo que ela não gosta e devo confessar que até sou culpado em algumas coisas. Por exemplo, pela manhã ela pergunta-me se quero papas de aveia ou uma torrada para o pequeno almoço e a minha resposta é sempre a mesma: “tanto faz!” E ela continua: “Oh, homem dos diabos, custa-te muito dizeres o que preferes?” E eu digo que tanto me faz uma coisa ou a outra. É comida. Lembro-me que houve uma vez que ela disse que eu arranjasse então o que eu quisesse.

Eu sei que há muitos homens que nem sabem ferver água e que pensam que as suas mulheres têm a obrigação de os servir em tudo. Se uma mulher não trabalha, não está certo que ela esteja em casa todo o dia, a ver televisão e não tenha a comida pronta à horas e a casa limpa. Agora, se ela trabalha, na minha opinião não é só dever do marido, como obrigação deste, ajudá-la em tudo o que for preciso. Muitas vezes não damos o devido valor às nossas esposas.

E, como no dia 14 deste mês é o dia dos namorados ou do San Valentim, por que não os homens levantarem o rabichel da cama mais cedo, ir à cozinha fazer o pequeno almoço e levá-lo á cama para que, juntamente, com suas esposas, o possam saborear?  Até pode ser que no fim do almoço venha uma boa sobremesa




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