ASAS CORTADAS
José M. Raposo
O meu amor, certa vez, me jurou Que me deixaria sempre à vontade. Mas, no mesmo dia ela me cortou As asas e tirou-me a liberdade. Minhas penas, outra vez, crescerão. De novo sei que voar poderei. Por menos comida que haja no chão, Jamais, noutro lugar, eu pousarei. Minha sede ela sempre há de matar, Na altura que sedento eu estiver Ou quando lágrimas eu vir rolar, Vindas do belo olhar dessa mulher. E haverei sempre de me contentar Com o pouco ou muito que ela me der. |
PARA TODA A VIDA
José M. Raposo
Versos de amor não podem ser de encomenda,
Precisam vir da alma e ao sabor do vento. Do contrário, serão desapontamento E em vez de amor, poderão gerar contenda. Quantas vezes a nossa boca remenda Um engano, só para contentamento E para que haja melhor entendimento. Mas, pior do que o soneto, fica a emenda. Há muito tempo que te amo e que te digo E continuas a não me acreditar. Sou e serei para sempre teu amigo, Mesmo que, um dia, tu me deixes de amar. Eu estarei por toda a vida contigo E jamais outra porei em teu lugar. |
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