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segunda-feira, 5 de novembro de 2012

QUE FIQUEM POR LÁ - José M. Raposo

  
A primeira página do último número da Tribuna Portuguesa, fez-me lembrar alguns bons tempos e deu-me uma reviravolta ao estômago, no entanto, dou os parabéns ao José Ávila pela coragem de abordar o assunto.

Quando eu ocupava o cargo de tesoureiro do Conselho das Comunidades Portuguesas do Norte da Califórnia, certa vez fui escolhido para ir a uma reunião em Danburry e outra na Terceira. O Governo Português pagou-me  todas as passagens e estadias.
Na reunião de Danburry, eu, o Godinho, da Austrália e Bruna Viana, do Canadá, fomos os escolhidos para a mesa da Presidência e sendo eu o único dos Estados Unidos, fui indicado para ocupar o lugar de Presidente. Eu disse ao Sr. Doutor, cujo nome não me lembro agora, que achava bem dar o lugar de Presidente à Bruna Viana, ao que o Sr. disse que não, porque era tradição que o Presidente fosse uma pessoa do país onde se fazia a reunião e que já vinha destinado assim, de Lisboa, portanto eu não tinha outra coisa a fazer a não ser aceitar.

Eu disse, OK e como presidente da mesa, perguntei quais seriam as minhas funções. O Sr respondeu-me que eu dirigiria a reunião de acordo com os estatutos e teria que manter a ordem, que poderia fazer tudo o que quisesse, desde que não fosse contra os estatutos. Quis saber, então, se os mesmos me permitiriam nomear alguém, para algum cargo, ao que ele respondeu que sim.

Chegada a hora de abrir a reunião, agradeci a todos os presentes e o meu primeiro acto, como presidente, foi nomear Bruna Viana para o meu lugar e eu e Godinho ficamos como secretários.

O tal Sr. disse-me que não podia ser, ao que respondi que podia, sim, e que, portanto,  estava usando do poder que ele próprio me havia dado e pedi-lhe por favor, que se calasse,  porque estava fora de ordem e eu não lhe havia dado a palavra.

Escusado será dizer que criei logo um inimigo. A reunião começou e correu bem, com interferência de várias pessoas presentes e até me lembro duma Sra. Cláudia Rios que falou muito bem.

Acabada a reunião, pedi um escriturário para dactiolografar as actas. O tal Sr. Respondeu que não seria necessário, porque as actas vinham já feitas de Lisboa.”
- O quê? Perguntei - O Sr. Dr., tem a ousadia de dizer-me uma coisa dessas? Ou o Sr. arranja-me um escriturário ou eu devolvo o dinheiro da passagem ao Governo Português e vou-me embora para a Califórnia. Apareceu uma menina muito simpática, que ficou comigo até às 2 ou 3 da madrugada a redigir as actas. No outro dia, quando começamos a reunião, uns tantos ou quantos congressistas, que haviam vindo na comitiva de Lisboa, não apareceram. Eu anotei a falta dos mesmos nas actas.
Depois vieram-me pedir para alterá-las, para que incluísse o nome das pessoas que estavam ausentes, ao que recusei. Esses indivíduos vieram passear a custa do erário público e se os seus nomes não constassem das actas, provavelmente que não receberiam ajudas de custo.

Nas outras reuniões, não houve grandes problemas. Os jantares foram formidáveis e não me lembro o nome do salão de reuniões, mas o padre Cachadinha tinha tudo muito bem organizado e até num dos jantares eu cantei à desgarrada, mais o José Gama e tive a oportunidade de ouvir uns fados de Coimbra, na voz do congressista e deputado Caio Roque.

No encerramento das reuniões, eu armei bronca novamente. Uma senhora Ministra de rara Beleza e de boa saúde, que havia aberto as reuniões e depois foi passear, não sei para onde, aparecendo só no dia do encerramento, começou a discursar e eu disse ao companheiro que estava ao lado que se aquela senhora falasse mais de 15 minutos, eu levantar-me-ia e sairia. Ele pediu por todos os Santos que eu não o fizesse. Liguei o cronómetro e os 15 minutos se passaram. Como eu estava na primeira fila de bancos, levantei-me, fui até ao meio da sala e ao sair pelo corredor tive a certeza que o som dos tacões dos meus sapatos ressoaram.

Ela falou por uma hora e quinze minutos e quanto acabou, eu entrei pelo mesmo lugar por onde havia saído.

Como disse, fui uma outra vez, à Terceira. Se bem que depois de levantarmos voo de San Francisco, o avião regressou ao aeroporto por duas vezes e por causa disso perdemos a TAP para Lisboa. Ficamos em Nova York dois dias e uma noite em Lisboa. A American Airlines pagou-nos a estadia em Nova York e deu 100 dólares a cada um de nós (éramos treze, salvo erro), para pagar o hotel e uma noite em Lisboa.  Mas foi uma viagem divertida e os nossos amigos José João e o Eduardo Eusébio podem provar isso. Ainda hoje, quando eu vejo um ou outro, o nosso cumprimento é “Está tudo cego”.  Estou mesmo a ver a gargalhada que eles vão dar quando lerem isto. Para essa reunião da Terceira, levava um discurso bem preparado e ao mostrá-lo a dois senhores aqui da Califórnia que foram e diga-se em abono da verdade, às suas custas, um deles disse que se eu lesse tal discurso, eles se levantariam na reunião e que eu ficaria em problemas. Eu não li o discurso porque não quis mostrar, na Terceira, que há pessoas aqui nesta Califórnia que fomentam a desunião. No fim, apresentei o discurso como um documento para ser anexado às actas e por lá ficaram as minhas palavras.

Uma vez, fui ao consulado Português para levar a Sra. Doutora Fernanda Agria ao aeroporto de São Francisco, porque ela iria a uma reunião em outra cidade da Califórnia. Disse-me ela que a sua passagem estaria no balcão do aeroporto. Perguntei se a mesma estava paga, ao que ela me respondeu que pensava que sim. A menina que nos atendeu, despachou as malas e depois pediu trezentos e não sei quantos dólares. A Sra. Dra. não estava preparada para pagar a passagem e eu puxei do meu cartão de crédito, paguei-a e no outro dia escrevi uma carta para a Embaixada de Portugal, em Washington.

Em menos de uma semana recebi uma resposta, com todos os agradecimentos e um cheque no valor que eu tinha despendido. reembolsando-me. E eu pergunto: como se manda um representante do Governo para o aeroporto, sem passagem paga ou sem o mesmo estar preparado?

Na minha opinião o Conselho das Comunidades Portuguesas nasceu às avessas. As intenções podem ter sido boas, mas foi um autêntico aborto. E desculpa-me Dinis Borges, porque sei que tens trabalhado bastante para o Conselho, tens feito todo o possível para que tanto o Governo dos Açores como o de Lisboa conheçam o Portuguesismo que há nas nossas gentes, enfim, tens dado o teu precioso tempo e embora o grande Fernando Pessoa tivesse dito que tudo vale a pena, eu tenho as minhas dúvidas.

Concordo com o José Ávila quando ele diz que não nos mandem nem secretários nem directores regionais. E eu acho bem. Esses senhores por vezes chegam ao ridículo de brigar por quererem ser os últimos a falar aqui, nas comemorações do dia de Portugal, porque dizem que como vêm representar o Governo Português, têm lugar de honra e são os que devem dizer as últimas palavras.

Eu já disse mais de uma vez: nós temos gente cá para fazer as nossas festas e temos cá um representante do Governo Português e podemos provar a quem quer que seja que continuamos a ter no coração a nossa bandeira, que veio nas nossas malas, não como o símbolo da fome, mas sim como o símbolo da nossa Pátria, que por pior que tenha sido para nós, foi lá que nascemos.

Quanto à RTP não apresentar os programas Califórnia Contacto, será que eles acham que os seus funcionários aqui, não têm nível ou não estão a altura de fazerem os programas? Eu discordo! 

Eu não concordo amigo Zé que venham cá nem os melhores... Só há uma maneira de resolver este assunto: é integrarmo-nos na vida deste país que nos acolheu , sermos bons Americanos, continuarmos com as nossas festas e tradições e esquecermos esses filhos duma gaita que não querem saber de nós para coisa alguma. Também é provável que haja alguma culpa da nossa parte, pois sempre recebemos os representantes do Governo Português de braços abertos, damos do melhor que temos e alguns riem-se de nós. Também nunca sabemos, ao certo, como e com quanto o Governo subsidia os nossos festejos na Califórnia. Nunca vi nas páginas do jornal quais as verbas recebidas e nenhum balanço de contas. Alguém já viu?

E esses senhores Secretários e Directores, que vêm cá fazer nada, quando quiserem vir passear à Califórnia, que venham às suas próprias custas ou então que fiquem por lá..

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